terça-feira, 5 de outubro de 2010

Cultura Brasileira nos Anos 60 e 70: Trevas e Luzes

Tropicália : A Tropicália, Tropicalismo ou Movimento tropicalista foi um movimento cultural brasileiro que surgiu sob a influência das correntes artísticas de vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira (como o pop-rock e o concretismo); misturou manifestações tradicionais da cultura brasileira a inovações estéticas radicais. Tinha objetivos comportamentais, que encontraram eco em boa parte da sociedade, sob o regime militar, no final da década de 1960. O movimento manifestou-se principalmente na música (cujos maiores representantes foram Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Torquato Neto, Os Mutantes e Tom Zé ]); manifestações artísticas diversas, como as artes plásticas, o cinema (o movimento sofreu influências e influenciou o Cinema novo de Gláuber Rocha) e o teatro brasileiro (sobretudo nas peças anárquicas de José Celso Martinez Corrêa). Um dos maiores exemplos do movimento tropicalista foi uma das canções de Caetano Veloso, denominada exatamente de "Tropicália".

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Cinema Novo : Jovens frustrados com a falência das grandes companhias cinemagráficas paulistas resolveram lutar por um cinema com mais realidade, mais contéudo e menor custo. Vai nascendo o Cinema Novo.

Tudo começa em 1952 com o I Congresso Paulista de Cinema Brasileiro e o I Congresso Nacional do Cinema Brasileiro. Por meio desses congressos, foram discutidas novas idéias para a produção de filmes nacionais. Uma nova temática de obras já começa a ser abordada e concluída mais adiante, por uma nova fase do cinema que se concretiza na década de 50.
Essa nova fase pôde ser bem refletida a partir do filme Rio, 40 Graus(1955), de Nelson Pereira dos Santos. As propostas do neo-realismo italiano que Alex Vinny vinha divulgando, foram a inspiração do autor do filme.

Um trecho do livro A Fascinante Aventura do Cinema Brasileiro(1981), de Carlos Roberto de Souza, expressa bem quais eram as pretensões do cinema nessa época: "Rio, 40 Graus, era um filme popular, mostrava o povo ao povo, suas idéias eram claras e sua linguagem simples dava uma visão do Distrito Federal. Sentia-se pela primeira vez no cinema brasileiro o desprezo pela retórica. O filma foi realizado com um orçamento mínimo e ambientado em cenários naturais: o Maracanã, o Corcovado, as favelas, as praças da cidade, povoada de malandros, soldadinhos, favelados, pivetes e deputados". Surgia o Cinema Novo.

Empolgados com essa onda neo-realista e frustrados com a falência dos grandes estúdios paulistas, cineastas do Rio de Janeiro e da Bahia, resolveram elaborar novos ideais ao cinema brasileiro. Tais ideais, agora, seriam totalmente contrários aos caríssimos filmes produzidos pela Vera Cruz e aversos às alienações culturais que as chanchadas refletiam.

O que esses jovens queriam era a produção de um cinema barato, feito com "uma câmera na mão e uma idéia na cabeça". Os filmes seriam voltados à realidade brasileira e com uma linguagem adequada à situação social da época. Os temas mais abordados estariam fortemente ligados ao subdesenvolvimento do país.

Outra característica dos filmes durante o cinema novo é que eles tinham imagens com poucos movimentos, cenários simplórios e falas mais longas do que o habitual. Muitos ainda eram rodados em preto e branco.

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As Musicas e os Festivais : O SWU Music and Arts Festival é o grande marco de celebração do movimento. Uma experiência memorável que vai combinar música e arte nos dias 9, 10 e 11 de outubro na Fazenda Maeda, localizada no município de Itu, a cerca de 70 km de São Paulo. O evento ocupará um espaço de arena de 200 mil metros quadrados e está preparado para receber milhares de pessoas ao longo dos seus 3 dias de duração.

E não é só de boa música que será feito o SWU. O movimento trará também para os seus participantes, ao longo dos três dias de duração do evento, o Fórum Sustentável, palco onde especialistas, pensadores, políticos, empresários e representantes de entidades não governamentais discutirão com o público alguns dos principais temas da sustentabilidade no século 21.

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Metáforas para Driblar a censura : Analisar as mensagens contra o regime militar, presentes nas metáforas das composições da MPB, durante o período de vigência do Ato Institucional nº5, foi o objetivo de pesquisa que resultou na dissertação “A MPB como recipiente de protestos contra a ditadura militar: as metáforas, carregadas de vozes contra o regime autoritário”. O trabalho foi defendido em março de 2007 por Claudio José Bernardo, no Instituto de Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e investigou as metáforas presentes nas músicas e de que forma as mensagens implícitas se materializaram nas composições de Chico Buarque de Hollanda.

Segundo o autor, o movimento que se autointitula MPB teria surgido da bossa nova no ano de 1959 e conquistado os meios intelectuais da época. “Ao longo de 1959, a bossa nova ganhou as universidades do Rio e de São Paulo. Shows eram feitos com freqüência na Faculdade de Arquitetura de São Paulo e na PUC-RJ”, escreve na dissertação.

Porém, alguns intérpretes e compositores de bossa nova como Geraldo Vandré, Sérgio Ricardo e Nara Leão, insatisfeitos com um modelo de música feito “de um grupinho para outro grupinho”, teriam se transferido para espaços mais populares, como teatros, praças públicas e auditórios, divulgando as chamadas canções de protesto, ou seja, canções politicamente engajadas.
Cláudio afirma que o primeiro festival “aconteceu em 1960 e foi organizado pela TV Record, mas foi inexpressivo. A grande época dos festivais seria iniciada mesmo a partir de 1965, dentro do período da repressão militar”.

De acordo com o texto, no 3º festival de música popular brasileira, em 1967, novos agentes entraram em cena: se de um lado o tropicalismo trouxe muitas novidades e um forte apelo visual, do outro a censura se mostrava cada vez mais atenta e as letras tinham que ser enviadas para análise em orgãos do Governo Federal, “que convocava os compositores e sugeria mudanças nas letras, caso elas tivessem algum indício de subversão ou atentado à moral e aos bons costumes”.

A instituição do AI-5, no dia 13 de dezembro de 1968, consolidou o crescente cerco e perseguição aos compositores das canções de protesto. “Mal havia terminado o 4º festival, Caetano Veloso e Gilberto Gil foram detidos para prestar esclarecimentos”, diz o autor. Ambos foram para Londres, depois de terem sido “gentilmente aconselhados” a deixar o país; em seguida Chico foi para Itália e Geraldo Vandré para o Chile. “Sem a presença dos grandes nomes da música, os festivais organizados a partir de 1969 perderam o tom de protesto”, esclarece Cláudio José.
A partir de então, segundo o autor, passou a haver uma batalha entre a percepção da censura e a os mecanismos usados para driblá-la. Sobre os teóricos utilizados para abordar os mecanismos metafóricos – Lakoff e Johnson – , o autor afirma que ambos “mudam o paradigma do estudo da metáfora. Para eles, a metáfora faz parte de nosso dia-a-dia e vivemos imersos em universos metafóricos, tanto que nem somos capazes de perceber”.

Sob esta perspectiva, o pesquisador analisou 20 letras de Chico Buarque, entre elas Apesar de você, Samba de Orly, Construção, Deus lhe pague, Cordão, Bom conselho, Sonho impossível, Partido alto, Meu caro amigo e Cálice. Apresentadas e avaliadas separadamente por ele, cada uma tem uma abordagem específica, desenvolvida a partir de sua temática e de sua gama de sentidos.

Para Cláudio, as metáforas não foram a única ferramenta utilizada para driblar a censura. Citando a historiadora Maria Clara Wasserman, ele detalha ferramentas como “utilização de palavras ambíguas (Cálice), inversões irônicas (Deus lhe pague), pseudônimos (Julinho de Adelaide e Leonel Paiva) e ainda construções de versos dotados de duplo sentido (Corrente)” , que integravam o arsenal utilizado para camuflar as mensagens presentes nas composições.
Muitas delas estruturariam uma idéia de “presente sufocado” em confronto com as idéias eufóricas e ufanistas difundidas pelo regime autoritário. Quando retornou de seu exílio na Itália, em 1970, Chico encontrou uma realidade muito pior do que a que deixara para trás: “a tortura e o desaparecimento de pessoas contrárias ao regime do general Médici eram uma constante”,diz a dissertação.

Neste contexto, a música Apesar de você “passou” pela censura e circulou até que, quando o compacto que a continha já atingia a marca de 100 mil cópias, um jornal insinuou que esta fazia alusão ao presidente Médici. Cláudio José afirma que “a gravadora foi invadida, as cópias destruídas”. Quando interrogado, o compositor disse que a letra referia-se à “uma mulher muito mandona, muito autoritária”, acrescenta.

Para Claudio, a criatividade e a riqueza presentes nas metáforas foram, de certa forma, conseqüência da própria censura. “Se alguém me faz subversivo é a própria Censura. Porque eu quero dizer as coisas claramente. Não quero ser sub não”, declarou Chico Buarque na Revista Bondinho, em 1971, como assinala o pesquisador em sua dissertação.

Fonte: http://paulo-v.sites.uol.com.br/cinema/cinemanovo.htm

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